Como o blog ainda é novo, e eu o vejo como "hobby" sem pretensões profissionais, noto que a maior parte de leitores e colaboradores ainda é de amigos, familiares, colegas de trabalho. Gente que dá uma espiadinha no blog e comenta o que gostou, faz sugestões, manda receitas. Entre essas pessoas está uma especial. Paulo Solon, que é amigo do meu avô e agora também é meu, é leitor e opinador ativo do blog. Dia desses mandou uma receita de brôa de fubá, já experimentada por mim num feliz encontro que tivemos. Paulo Solon é aeromodelista de mão cheia, dizem que dono de um talento genial para construir aviões - também homem moderno, faz de brôa até salada de feijão fradinho com maestria. Prova viva de que amizade não tem idade ou distância, Solon podia ser só o amigo do vô; Não é, é amigo meu, desses encontros que temos em Vida com gente que desperta respeito, admiração e vontade de ter por perto. Pois bem, meu amigo e colaborador Paulo Solon me enviou um email que junta a Língua Portuguesa e a Culinária. Fiquei fascinada com o texto, do qual ainda desconheço a autoria. Apaixonada do jeito que sou por expressões da nossa Língua e pela culinária de forma geral, faço questão de publicá-lo aqui. Espero que gostem.
"Quando comecei, pensava em escrever sobre comida. Seria sopa no mel ou mamão com açúcar?
Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos.
Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi e aí, só metendo a mão na massa.
E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.
Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.
Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto ou encher linguiça demais.
E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.
Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.
Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto ou encher linguiça demais.
Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.
Há quem pense que escrever é como tirar o doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote.
Há quem pense que escrever é como tirar o doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote.
Mas, como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha.
São escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.
Há também aqueles que são arroz de festa.
Há também aqueles que são arroz de festa.
Com a faca e o queijo nas mãos eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese, etc.).
Acham que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.
O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco.
O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco.
Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.
Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...
A carne é fraca, eu sei.
Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...
A carne é fraca, eu sei.
Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas.
Mas quem não arrisca não petisca. E depois, quando se junta a fome com a vontade de comer, as coisas mudam da água pro vinho.
Se embananar, de vez em quando, é normal.
Se embananar, de vez em quando, é normal.
O importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar.
Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando.
Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.
Entendeu o que significa “no frigir dos ovos”?"
Autoria ainda desconhecida. Alguém sabe quem escreveu? Também acharam fantástica essa Nossa Língua Portuguesa?
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Meu amigo Solon é o segundo da direita para a esquerda, contemplando um aeromodelo. Ao lado dele, o primeiro da direita para a esquerda, está meu avô, Walter Nutini, outro homem que amo de paixão. |
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