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Baco, segundo Caravaggio |
Conta a Mitologia que o Deus grego Dionisio, também conhecido como Baco pelos romanos, descobriu a arte de extrair o suco das uvas e de cultivar as vinhas. É portanto o Deus do vinho, dos excessos e... do sexo. Sim, as festas em sua homenagem eram chamadas de "bacanais", ou seja, era um Deus cultuado com vinho e orgias.
Esse post é intitulado "Querido Baco" pois foi impossível não visitar o Vale dos Vinhedos e não voltar mais apaixonada por essa bebida que alegra, alimenta e que por lá também sustenta famílias inteiras. Então, agradeço a Baco pela descoberta.
O Vale dos Vinhedos é uma região da Serra Gaúcha que possui uma "denominação de origem controlada" que certifica todos os vinhos dali através de regras comuns vindas de uma legislação própria às vinícolas delimitadas naquela região geográfica. Resumindo, é um conjunto de vinícolas que seguem leis iguais e fabricam vinhos de boa qualidade. O clima da Serra Gaúcha é propício para o cultivo das uvas, com estações bem definidas. Importante dizer que cada vinícola produz seus vinhos de uma maneira, mas em geral as uvas que nascem na Primavera/Verão são extraídas em cachos uma a uma, levadas para as Vinícolas, e nelas são deixadas por meses em tanques (de madeira ou metal) para que fermentem. Após o período de fermentação, que varia bastante entre vinhos brancos ou tintos, o suco fermentado é diretamente envasado (caso dos brancos) ou é levado para barris de envelhecimento, onde os tintos recebem os sabores da madeira e amadurecem seus taninos. Os espumantes, nessa fase, são envasados junto à uma colônia de bactérias que, ao se reproduzirem, fabricam os gases típicos dessas bebidas. Aliás, os melhores espumantes são produzidos através da introdução dessas bactérias, mas outros espumantes "inferiores" (como as Cidras) recebem açúcar diretamente e é a fermentação do açúcar que leva à produção de gases. Por isso, em geral, todos os espumantes Bruts ou Demi-secs são mais finos, já que sua produção ocorre de uma forma mais natural e demorada.
Sobre as vinícolas visitadas:
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Peterlongo |
A Peterlongo é a fábrica de espumantes mais antiga e maior do Brasil. Produz premiados espumantes e, por decisão superior, é a única empresa de espumantes brasileiros liberada para usar o termo "champanhe", conseguindo a liberação de uso do termo por ter iniciado a produção de seus espumantes anteriormente à lei que diz que Champanhe é a bebida produzida apenas na região francesa de Champagne com uvas chardonnay e pinot noir. Fomos muito bem recebidos na Vinícola e tivemos a oportunidade de degustar alguns dos produtos produzidos por eles. Trouxe pra casa uma bela garrafa de espumante Peterlongo Privillege Demi-sec, que está aguardando uma ocasião especial para ser aberta.
Conheça mais em http://www.peterlongo.com.br/abertura/
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Miolo |
Talvez um dos lugares mais lindos que já visitei, a Vinícola Miolo produz tintos e brancos conhecidos nacionalmente, tais como Almadén, Terranova e Quinta do Seival, além dos saborosos Miolos Reservas. Fiquei orgulhosa de ver uma empresa brasileira tão bem estruturada. Com um guia visitamos os tanques de fermentação (todos em aço, o que garante maior limpeza e controle de temperatura) e os barris de envelhecimento, todos extremamente organizados em lotes, conferindo a produção por datas e uvas exatas, sem erros. Degustamos cinco vinhos produzidos por eles, dentre eles quatro tintos e um branco espumante, e me apaixonei pelo Miolo RAR Cabernet Sauvignon e Merlot (inclusive trazendo um pra casa, êba!). A linha RAR é fabricada pela Miolo em parceria com o Sr. Raul A. Randon no município de Muitos Capões - RS, num clima bastante frio e numa altitute de aproximadamente 1.000 metros.
Aprendemos por lá a parte "básica" de uma boa degustação, e foi bacana reconhecer nos vinhos os toques de baunilha, café e frutas. Nunca mais vou beber um vinho sem prestar atenção nisso. Valeu a visita.
Conheça mais em http://www.miolo.com.br/controller.php
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Barris Miolo |
Em relação à outras Vinícolas visitadas, a comparação é inevitável. Fomos também à Vinícola Aurora, a maior do país, e tomamos um susto ao ver os tanques de fermentação ainda de madeira envelhecida, ao lado de lixos cheios e cartazes como "cuidado - tinta fresca" escritos à mão, indicando desleixo com a produção. A Aurora nos atendeu com simpatia e fiquei feliz de saber que ela sustenta inúmeras famílias produtoras de uvas, porém o ambiente em que o vinho é produzido realmente deixa a desejar.
Conheça mais em http://www.vinicolaaurora.com.br/site/
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Aurora |
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Aurora |
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Nossa quanta porcaria!!! |
Em relação às menores produtoras, também visitamos a Vinícola Jolimont, fundada por franceses há décadas, ainda possui produção pequena. Não é possível comprar apenas uma garrafa, pois os vinhos Jolimont não são vendidos em supermercados e afins. Os vinhos Jolimont são vendidos apenas em lotes e para pessoas cadastradas, entregando em todo o Brasil. Também fomos muito bem recebidos por eles, mas confesso que achei o vinho degustado um tanto ácido!
Conheça mais em http://www.vinhosjolimont.com.br/
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Jolimont |
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Vinhos Jolimont |
O mais importante de tudo foi conhecer as pessoas que vivem do vinho, que esperam com amor anualmente o nascimento daquelas uvas, e mais do que tudo, desfrutar de lugares absolutamente LINDOS!
Um grande abraço aos gaúchos que nos receberam tão bem. Um brinde a vocês!
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